sexta-feira, 16 de maio de 2014

As Colinas


AS COLINAS
                                      Agripa Vasconcelos
 
Essas pobres, anônimas colinas
Foram montanhas noutro tempo, outrora.
Os seus pontões altíssimos agora
São terra chã, com humílimas ravinas.
 
Chuva e vento, em milênios, com demora,
Desmoronaram, transmudando em ruínas
Os altos picos e, em camadas finas,
Os grandes morros foram postos fora.
 
Colina humilde, agora eu sei, vencido,
Que é a nostalgia do meu chão perdido
Que eu sinto estremecer nas minhas poeiras!
 
Por isso é que meu pó tem, nas entranhas,
O altivo élan dos picos das montanhas,
E o orgulho senhorial das cordilheiras.