AS COLINAS
Agripa Vasconcelos
Essas pobres, anônimas colinas
Foram montanhas noutro tempo, outrora.
Os seus pontões altíssimos agora
São terra chã, com humílimas ravinas.
Chuva e vento, em milênios, com demora,
Desmoronaram, transmudando em ruínas
Os altos picos e, em camadas finas,
Os grandes morros foram postos fora.
Colina humilde, agora eu sei, vencido,
Que é a nostalgia do meu chão perdido
Que eu sinto estremecer nas minhas poeiras!
Por isso é que meu pó tem, nas entranhas,
O altivo élan dos picos das montanhas,
E o orgulho senhorial das cordilheiras.