quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Mãe Preta


MÃE PRETA do Escritor Agripa Vasconcelos

Mãe Preta, alma servil, filha de escrava,
Que a minha boca sem te honrar não morra
A paciência cristã de negra forra
Em cujos peitos, ávido, apojava.

Teu olhar sofredor, onde morava
Dos avoengos benguelas a modorra,
Com uma leal humildade de cachorra
Meu sono agitadíssimo velava.

Eu no teu leite herdei, leite bendito,
Esta resignação de dor sem grito,
A calma, o sonho de tua alma boa.

Por isso é que minha alma pouco aspira:
Quando precisa soluçar, suspira,
Mas se precisa assassinar - perdoa.