sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Fio Dourado de Cabelo




FIO DOURADO DE CABELO do Escritor Agripa Vasconcelos


O brando fio louro de cabelo
Que encontraste em meu ombro aquele dia,
De uma vez deliu minha alegria,
Tal o excesso de ciúme de teu zelo.

Só teus olhos de amor podiam vê-lo.
E ao vê-lo, em teu pendor à fantasia
Julgaste sem pensar que eu te traía,
Fazendo de meu Sonho um pesadelo.

Quanto a ventura é frágil! Vã mentira...
Esse dourado fio, que eu nem vira,
Forte, desfez nossa felicidade:
Com teu gesto, apagou-se, de repente.
Ontem – um fio de ouro; hoje – corrente
Que me algema no exílio da saudade
.


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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Literatura e Mineiridade

Gilda de Castro* escreveu e publicou no site www.gildadecastro.com.br o seguinte texto, onde ela cita o Escritor Agripa Vasconcelos.

LITERATURA E MINEIRIDADE
(contribuição de escritores para entender a mineiridade)

Importantes escritores brasileiros nasceram em Minas Gerais e produziram obras que contribuem para analisar a cosmologia de uma população percebida como diferenciada por outros brasileiros.

São eles: Adélia Prado, João Guimarães Rosa, Fernando Sabino, Mário Palmério, Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava e Agripa Vasconcelos.

Agripa Vasconcelos (1896-1969) nasceu em Matozinhos, Bacia Hidrográfica do São Francisco. Graduou-se em Medicina no Rio de Janeiro, viveu em diferentes cidades do interior de Minas Gerais e no Recife (PE). Escreveu muitos livros e seis compõem as Sagas do País das Gerais. Neles, fundamenta-se em dados históricos para apresentar enredo cativante sobre personalidades expressivas e o cotidiano da época. São:
- Fome em Canaã - romance do Ciclo dos Latifúndios nas Gerais
- Gongo Soco - romance do Ciclo do Ouro nas Gerais
- A Vida em Flor de Dona Beja - romance do Ciclo do Povoamento nas Gerais
- Sinhá Braba (Dona Joaquina do Pompéu) - romance do Ciclo da Agropecuária nas Gerais
- Chica que Manda - romance do Ciclo do Diamante nas Gerais
- Chico Rei - romance do Ciclo da Escravidão nas Gerais


*Gilda de Castro é Mestre em Antropologia (Antropologia Social) pela Universidade de Brasília (1979) e doutora em Ciências Sociais (Antropologia) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1993).




domingo, 16 de fevereiro de 2014

Galho Seco


GALHO SECO


Na árvore nova do pontal da serra
            Um galho, em febre estranha
Amanheceu em flor. Resplandecia,
Rubro e febril como um pendão de guerra!
            O ramo em flor, jovem, sorria:
            Florada nova na montanha!

 Tempos depois aos ventos desabridos,
            Aos ventos dissolutos,
A rama, alto, mostrou gloriosamente
A amargura de uns frutos doloridos.
            Ah, seiva, flor, pólen, semente...
            Sustinha o galho os pobres frutos.

 Hoje quem vê de longe a árvore nobre,
            Resto da tempestade,
Não mais enxerga a rama alta florida,
Nem o galho dos frutos, hoje pobre.
            Mas vê a rama dolorida
            O galho seco da saudade.



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domingo, 9 de fevereiro de 2014

Programa no ar

   Acabamos de ouvir a poesia CHUVA DO MAR do Escritor Agripa Vasconcelos,

no programa Literatura em Foco, da Rádio Difusora de Ouro Fino/MG.

   Linda, linda! Obrigado, Ataíde Lemos da Silva.

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Chuva do Mar

               
(No  baixo e no médio rio Doce, chamam as chuvas temporárias, chuvas do mar -  talvez por  serem trazidas pelos ventos do Atlântico.)

 Quando Raquel casou, naquela tarde mansa,
Vi desfeito de vez meu sonho de criança...
Um desespero atroz meu ser avassalou !
Mas alguém que conhece os mistérios do mundo
Num sussurro me disse um conselho profundo:
- Isso é chuva do mar. Vai passar.
                                                                     E passou.

Quando, ainda mocinho, eu sentí, doido de ira,
Que, parecendo certo, era tudo mentira
O amor que me jurara a pérfida Margot.
Quis morrer - mas alguém que conhece esta vida
Me falou, sem calor, mas em frase sentida:
- Isso é chuva do mar. Vai passar.
                                                                     E passou.

Quando Ofélia seguiu seu destino sombrio,
Senti, como ainda sinto, o coração vazio!...
Faz tanto tempo já que nem sei mais quem sou !
Mas quem viu em meu pranto uma simples garoa
Quis em vão me dizer uma palavra boa:
- Isso é chuva do mar. Vai passar.
                                                                     Não passou.




sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Agripa na Rádio

   


   O poeta e escritor Ataide Lemos da Rádio Difusora 680 Khz AM, da cidade 

de Ouro Fino/MG, tem um programa semanal que se chama Literatura em 

Foco. Um dos objetivos deste programa é divulgar a literatura, escritores

poetas, lendo no ar poesias e poemas para deleite de quem os aprecia.

   Especialmente neste domingo, dia 9/2/14, o Escritor Agripa Vasconcelos 

fará parte da pauta deste programa, que vai ao ar de 09:10 às 09:25.

   Para escutar a rádio ao vivo basta entrar no link:


   Procure na página da programação de domingo o link do programa 

LITERATURA EM FOCO. Há também um ícone de áudio. 

Basta clicar nesse ícone e se deleitar com as declamações!

   IMPERDÍVEL!



quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Relato

 
    Prezados leitores do blog Agripa Vasconcelos

    Há um ano elaborei o projeto de pós-doutorado para ser realizado na Universidade Federal do Paraná UFPR, Curitiba, tendo como tema o estudo dos romances históricos de Agripa Vasconcelos. Meu projeto foi aceito e comecei a desenvolvê-lo sob a supervisão da professora Dra. Marilene Weinhardt, uma das maiores autoridades em romance histórico no Brasil.

     Hoje, depois de quase concluído o estudo, resolvi compartilhar com vocês algumas impressões de leitura em torno da obra do escritor. Em primeiro lugar, propus este trabalho, pois percebi ser pequena a parcela de estudos ou referências críticas sobre Agripa Vasconcelos e sua obra nas histórias literárias brasileiras. Essa lacuna, se assim posso chamar, levou-me a me debruçar sobre os romances, procurando compreender a proposta do escritor, bem como seu estilo narrativo. É lógico que apenas um ano para isso torna-se um tempo curto, uma vez que temos que procurar teorias que embasem e sustentem nosso trabalho, por isso ainda pretendo, mesmo terminando o pós-doc, escrever um pouco mais sobre Agripa e alguns de seus romances, apresentando em congressos ou similares.

     O que se percebe ao ler todos os sete romances que compõem “As Sagas do País das Gerais” é que o escritor, de forma cuidadosa, consegue montar um amplo painel histórico, social, cultural e econômico não apenas de Minas Gerais, mas também do próprio Brasil; nesse painel, integra-se um longo período da história nacional, que vai do século XVIII a meados do século XX.

     Em geral, esses romances, à exceção de Fome em Canaã e de Ouro Verde e Gado Negro, desenvolvem-se em torno de um personagem que sintetiza um ciclo; por exemplo, a figura emblemática de Chico-Rei sintetiza o ciclo da escravidão em Minas Gerais. Ao longo da história central do romance, são incluídas pequenas outras histórias das mais variadas fontes, cânticos negros ou sertanejos, quadrinhas, anedotas, pequenos trechos de outras obras da literatura e assim por diante. Tudo isso pode aparecer na voz do narrador ou na voz dos personagens, sejam eles principais ou secundários. Essa técnica empregada por Agripa Vasconcelos lembra um pouco aquilo que se vê em As Mil e uma Noites, embora nesta a tessitura seja mais complexa e emaranhada. Agripa opta por um tecido narrativo mais simples e linear, todavia elaborado; percebe-se em muitos dos trechos narrativos a habilidade do poeta, seja na construção das frases, na escolha da sonoridade ou na pintura das imagens que evoca.

    Particularmente (e isto pode ser bastante discutível), tenho preferência por três dos romances: Sinhá Braba, Chica-que-Manda e Gôngo-Soco. Penso que essas três obras constituem o ponto alto da produção do escritor, contudo falo isso voltado mais para um olhar individual sobre as obras. Se for levar em consideração o projeto do escritor que é o de compor a saga da história mineira, não há como destacar uma ou outra, pois os sete romances formam um conjunto coeso e sólido.

    Ao final deste relato só tenho a agradecer a oportunidade de poder ter conhecido a obra do escritor, como também a valiosa ajuda que o pessoal que administra o blog Agripa Vasconcelos me forneceu, mais especificamente a gentileza de Mara (uma das netas do escritor) que, sempre pronta e atenta, forneceu as informações de que eu precisava. Com certeza meu trabalho é apenas uma parcela pequena diante do estudo que o escritor requer. Meu estudo já rendeu um artigo publicado nos anais do XI Encontro Nacional de Literatura, História e Memória, promovido pela UNIOESTE – Cascavel PR, (neste artigo só falo de seis dos romances históricos, pois ainda não tinha lido Ouro Verde e Gado Negro) como também um capítulo de livro (este demorará provavelmente mais um ano para ser publicado) no qual realizo uma análise de Sinhá Braba.

    Um abraço cordial a todos os leitores, desejo ótimas leituras e descobertas...

    Prof. Dr. Maurício Cesar Menon

   (professor do departamento de Humanidades da UTFPR Campo Mourão PR)
 
 

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Voltando das Férias

Amigos,

Hoje estamos voltando ao trabalho, depois de um merecido descanso e tivemos a grata surpresa de ver que já alcançamos a marca de 7.000 visualizações!! Não é bárbaro?

Outra surpresa agradável é que encontramos nos escritos do nosso escritor uma poesia que retrata exatamente esse nosso momento. O título é:

Voltando das Férias
 
 
 
Volto agora da serra, onde as florestas
E as águas livres fazem suave o clima,
Os cabelos desfeitos pelas festas
Dos ventos doidos que andam lá por cima.
 
Vulto alguma de mulher vejo por estas
Ruas, sobre o de alguém que o amor sublima;
Anjo sem asas, de ambições modestas,
Vinha em que fiz dos beijos a vindima.
 
Sem ver o que olho e vendo o que não vejo,
A nostalgia cresce-me o desejo.
De regressar à serra um ardor me invade.
 
Essa ausência de alguém já é um mal tirano!
Mas nos males de amor, sei por meu dano,
Que a presença é o remédio da saudade.