MÃE PRETA do Escritor Agripa Vasconcelos
Mãe Preta, alma servil, filha de escrava,
Que a minha boca sem te honrar não morra
A paciência cristã de negra forra
Em cujos peitos, ávido, apojava.
Teu olhar sofredor, onde morava
Dos avoengos benguelas a modorra,
Com uma leal humildade de cachorra
Meu sono agitadíssimo velava.
Eu no teu leite herdei, leite bendito,
Esta resignação de dor sem grito,
A calma, o sonho de tua alma boa.
Por isso é que minha alma pouco aspira:
Quando precisa soluçar, suspira,
Mas se precisa assassinar - perdoa.
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