sexta-feira, 6 de julho de 2012

O Grande Escritor Desconhecido


          Esta semana, inesperadamente, chegou em nossas mãos uma revista do Jaraguá Country Clube de Belo Horizonte, contendo um artigo sobre Agripa Vasconcelos, escrito pelo Dr. Maurício Cardoso, membro do Conselho Deliberativo de lá. Ficamos muito felizes com a lembrança e transcrevemos aqui para que todos possam ter acesso.
         
Transcrição do artigo publicado na página 19, do Informativo no. 69, de maio de 2012, do Jaraguá Country Clube:

           AGRIPA VASCONCELOS – O GRANDE ESCRITOR DESCONHECIDO

          Agripa Vasconcelos nasceu em 12 de abril de 1900, em Matozinhos, então Distrito de Santa Luzia (MG), tendo falecido em 21 de janeiro de 1969.
          Aluno brilhante do Colégio Azeredo, passou para o Instituto Fundamental de Belo Horizonte, onde foi aluno de Carlos Góes e Aurélio Pires, que o consideraram o melhor aluno que tiveram. No Gramberry, de Juiz de Fora, teve como mestres Brant Horta, Nestor Massena e Mário Magalhães, os quais estimularam sua vocação literária.
          Aprovado com distinção em todos os exames preparatórios para a faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, após o último exame, o catedrático Afonso Peixoto quis conhecê-lo, tornando-se grandes amigos até o falecimento do professor.
          Na epidemia de gripe de 1918, como interno da Assistência Pública de Rio de Janeiro, levado por Leal de Souza, prestou serviços a Coelho Neto, que o considerou, como escreveu, um dos seus maiores amigos. Teve a honra de ser interno do grande médico e mestre Miguel Couto, que o considerou um de seus alunos mais inteligentes e dedicados e o tratava como filho. Ele foi cognominado de representante de Minas Gerais, não só pela sua inteligência como pelo grande círculo de amizade que conseguiu formar. Prof. Dr. Miguel Couto até chorou quando ele foi para o Instituto Manguinhos, a convite do Diretor Prof. Dr. Carlos Chagas, convite irrecusável. Foi aprovado com distinção em sua defesa de tese sobre o tema “Estudos dos Aneurismas Artério-venosos”.
          Com seu livro SUOR E SANGUE obteve, por unanimidade, o prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras. Sua bagagem literária é invejável. Aos 22 anos entrava para a Academia Mineira de Letras, com o livro de versos SILÊNCIO (cuja edição foi esgotada no Rio de Janeiro em 30 dias), na vaga deixada por Alphonsus de Guimarães. Para Agripa, os melhores poetas, contistas, ensaístas e romancistas da América do Sul eram de Minas Gerais. A nosso ver, o maior romancista e pesquisador de Minas Gerais e um dos mais importantes da literatura brasileira foi, sem sombra de dúvida, Agripa Vasconcelos. Além de médico e escritor, foi também Deputado Estadual, onde prestou relevantes serviços ao Estado, usando sua invulgar inteligência.
          Por que nós usamos o título UM DESCONHECIDO? Sempre que nós perguntamos a alguém se sabe o autor de Dona Beija ou Chica da Silva, em todas as livrarias que entrei, não só em Belo Horizonte, como nas Capitais de outros Estados e em grandes cidades que estive, ninguém soube me responder. Ainda não encontrei uma pessoa que soubesse que ele foi o maior contista de Minas Gerias. Um grande pesquisador. Mas quando nós interpelávamos: você já ouviu falar em Dona Beja, Chica da Silva, Gongo Soco (Ciclo do Ouro), Chico Rei (Ciclo da Escravidão em Minas Gerais), Fome em Canãa, Sinhá Braba (Dona Joaquina do Pompéu), a maioria das pessoas respondia que já viu novelas e filmes, mas o autor elas desconheciam. Incluímos aí muitos indivíduos até com curso superior, o que é lamentável.
          Fiquei muito satisfeito e até eufórico ao ver os viadutos da Av. Cristiano Machado com nomes de escritores mineiros como Murilo Rubião e outros, homenagem muito merecida que considero de grande importância cultural.
          Lamentavelmente eu não vi o nome de Agripa Vasconcelos em nenhum viaduto. Existe apenas uma pequena rua, em um bairro de Belo Horizonte, com o seu nome. Quem sabe temos algum educandário com seu nome?

                                                                                                  Dr. Maurício Cardoso
                                                                                 Membro do Conselho Deliberativo


5 comentários:

Gabi Mancini disse...

Que bacana Agripa ser lembrado! Bom artigo.

Vera Lúcia do Recife disse...

Por que será que não damos valor à prata da casa? É um enigma.

Tatiana Carvalho disse...

Meu primo daqui do Canadá comprou todos os livros do Agripa!!!!
:)

Vinicius Mancini disse...

Muito interessante! sempre de olho no blog.

Verdade e Aceitação disse...

O livro da história de Beja é um encantamento!