quarta-feira, 25 de julho de 2012

Árvore Genealógica

 
         Esta semana nós da Equipe do blog Agripa Vasconcelos recebemos um e-mail que muito nos alegrou. Era de José Aluízio Viana, Secretário de Cultura de Matozinhos/MG, cidade natal de Agripa. Ele nos sugere a publicação da árvore genealógica do Visconde do Rio das Velhas e um pouco de sua biografia, para que nossos amigos e seguidores tomem conhecimento sobre os antepassados de Agripa. Foi José Aluízio também que nos enviou o material a seguir. Agradecemos muito! Esperamos que vocês gostem.


Visconde do Rio das Velhas

(Clique em cima da imagem para melhor visualizá-la)
         
          Dada a importância da figura do Visconde do Rio das Velhas em Minas Gerais, é interessante a publicação no blog de uma síntese de sua biografia e um trecho da árvore genealógica que contempla o patriarca até a família de Agripa Vasconcelos (com filhos), para demonstrar a importante ascendência do escritor. O Visconde foi personagem de proa no cenário político e da produção rural e industrial da região de Sabará/MG.
Fran­cisco de Paula Fonseca Vianna, Barão e Visconde do Rio das Velhas, nasceu a 2 de abril de 1815, em Santa Luzia de Sabará, capitania de Minas Gerais.
Dedicando-se à agricultura, foi proprietário das Fazendas do Mu­cambo e Bom Jardim, situadas em Matozinhos, então distrito de Santa Luzia do Rio das Velhas. 
Em 1867, tendo auxiliado a organização de batalhões de voluntários destinados à guerra com o Paraguai, recebeu Francisco de Paula Fonseca Vianna o título de Barão do Rio das Velhas, por decreto imperial de 25 de abril desse ano.
Espírito progressista, foi o Barão do Rio das Velhas um dos funda­dores da Companhia Industrial Sabarense, uma das mais antigas fábricas de tecidos de Minas Gerais e do Brasil.
Como político, militou no Partido Liberal, várias vezes sendo eleito vereador às câmaras municipais de Sabará e Santa Luzia, desta última tendo sido presidente.
Por ocasião de uma das visitas do Imperador D. Pedro II a Minas Gerais, teve o Barão do Rio das Velhas a honra de o hospedar e acom­panhar, em 1881. Foi distinguido, então, com a comenda da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, por decreto de 15 de junho e Carta de 25 do mesmo mês e ano.
Por decreto imperial de 7 de março de 1885, foi elevado a Visconde do Rio das Velhas. Ativamente se dedicando à prosperidade da região em que era in­fluente chefe político e grande fazendeiro, é o Visconde do Rio das Velhas considerado um dos fundadores da atual cidade de Pedro Leopoldo. Faleceu a 17 de fevereiro de 1895, aos 80 anos de idade, incompletos.

fonte: Dados biográficos e des­cendência do Visconde do Rio das Velhas por Helio Vianna
no Anuário Genealógico Brasileiro, do Instituto Genealógico Brasileiro, Ano V, 1943.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Carta ao editor

Carta de Agripa Vasconcelos escrita ao seu editor das Sagas no País das Gerais:

Recife, 04 de abril de 1966

          Eu, Agripa, seu escravo, lhe envio muito saudar. Recebi o Gongo-Soco com a vestimenta de gala de Joaquina e Beja. Muito bonito. Você é o editor mais caprichoso do Brasil e fico honrado pela beleza da edição. Creio que a vendagem vai ser grande, dependendo de propaganda. Acabo de terminar Chico Rei que ficou com trezentas páginas e foi o mais trabalhoso de todos. Não fiz coisa bizantina mas tudo chão como o assunto exigia. O livro tem muitas palavras africanas das línguas Bunda e Conguêsa, inclusive cantos africanos que eu mesmo traduzi, em verso livre, para o Português, para maior compreensão. Fiz tudo para me adaptar ao assunto sem floreio e às vezes a coisa saiu bastante crua. Chico foi um iluminado místico e creio que descobri nele o primeiro e o maior libertador de escravos, de Minas, do Brasil e da América. Sendo um homem que vivia para os outros não teve tempo para luxos, exceto nas vestimentas reais dos dias de gala. Descobri entre os seus companheiros vindos de lá um afamado médico do Congo que o tratou, associado a um médico português, na doença final. Nos nossos Estudos descobri que ele tem descendentes em Ouro Preto/MG que falam muita bobagem mas não dão notícia exata de seu chefe Rei. Depois de terminado o livro vi que ele tem algum valor por ser exato e bem deduzido. O Neil vai gostar, embora seja um pouco ávaro em referência a meus livros. Estou datilografando a coisa e qualquer dia chega aí o negro velho. Chega com as “Memórias de um Barbeiro Sangrador”, o bruto como você chama.
          Tenho trabalhado muito e às vezes sai da minha cabeça alguma fagulha que pode ser captada por outra cabeça mesmo que seja um pouco dura.
          Já mandei entregar a imagem que Henriqueta manda para o Edison. Ainda estou atrapalhado com o joelho, não podendo sair de casa mas para o fim deste e começo de maio estarei aí para ver suas vitrinas.
          Com um abraço do velho amigo agradecido,
                                                                     Agripa

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O Grande Escritor Desconhecido


          Esta semana, inesperadamente, chegou em nossas mãos uma revista do Jaraguá Country Clube de Belo Horizonte, contendo um artigo sobre Agripa Vasconcelos, escrito pelo Dr. Maurício Cardoso, membro do Conselho Deliberativo de lá. Ficamos muito felizes com a lembrança e transcrevemos aqui para que todos possam ter acesso.
         
Transcrição do artigo publicado na página 19, do Informativo no. 69, de maio de 2012, do Jaraguá Country Clube:

           AGRIPA VASCONCELOS – O GRANDE ESCRITOR DESCONHECIDO

          Agripa Vasconcelos nasceu em 12 de abril de 1900, em Matozinhos, então Distrito de Santa Luzia (MG), tendo falecido em 21 de janeiro de 1969.
          Aluno brilhante do Colégio Azeredo, passou para o Instituto Fundamental de Belo Horizonte, onde foi aluno de Carlos Góes e Aurélio Pires, que o consideraram o melhor aluno que tiveram. No Gramberry, de Juiz de Fora, teve como mestres Brant Horta, Nestor Massena e Mário Magalhães, os quais estimularam sua vocação literária.
          Aprovado com distinção em todos os exames preparatórios para a faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, após o último exame, o catedrático Afonso Peixoto quis conhecê-lo, tornando-se grandes amigos até o falecimento do professor.
          Na epidemia de gripe de 1918, como interno da Assistência Pública de Rio de Janeiro, levado por Leal de Souza, prestou serviços a Coelho Neto, que o considerou, como escreveu, um dos seus maiores amigos. Teve a honra de ser interno do grande médico e mestre Miguel Couto, que o considerou um de seus alunos mais inteligentes e dedicados e o tratava como filho. Ele foi cognominado de representante de Minas Gerais, não só pela sua inteligência como pelo grande círculo de amizade que conseguiu formar. Prof. Dr. Miguel Couto até chorou quando ele foi para o Instituto Manguinhos, a convite do Diretor Prof. Dr. Carlos Chagas, convite irrecusável. Foi aprovado com distinção em sua defesa de tese sobre o tema “Estudos dos Aneurismas Artério-venosos”.
          Com seu livro SUOR E SANGUE obteve, por unanimidade, o prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras. Sua bagagem literária é invejável. Aos 22 anos entrava para a Academia Mineira de Letras, com o livro de versos SILÊNCIO (cuja edição foi esgotada no Rio de Janeiro em 30 dias), na vaga deixada por Alphonsus de Guimarães. Para Agripa, os melhores poetas, contistas, ensaístas e romancistas da América do Sul eram de Minas Gerais. A nosso ver, o maior romancista e pesquisador de Minas Gerais e um dos mais importantes da literatura brasileira foi, sem sombra de dúvida, Agripa Vasconcelos. Além de médico e escritor, foi também Deputado Estadual, onde prestou relevantes serviços ao Estado, usando sua invulgar inteligência.
          Por que nós usamos o título UM DESCONHECIDO? Sempre que nós perguntamos a alguém se sabe o autor de Dona Beija ou Chica da Silva, em todas as livrarias que entrei, não só em Belo Horizonte, como nas Capitais de outros Estados e em grandes cidades que estive, ninguém soube me responder. Ainda não encontrei uma pessoa que soubesse que ele foi o maior contista de Minas Gerias. Um grande pesquisador. Mas quando nós interpelávamos: você já ouviu falar em Dona Beja, Chica da Silva, Gongo Soco (Ciclo do Ouro), Chico Rei (Ciclo da Escravidão em Minas Gerais), Fome em Canãa, Sinhá Braba (Dona Joaquina do Pompéu), a maioria das pessoas respondia que já viu novelas e filmes, mas o autor elas desconheciam. Incluímos aí muitos indivíduos até com curso superior, o que é lamentável.
          Fiquei muito satisfeito e até eufórico ao ver os viadutos da Av. Cristiano Machado com nomes de escritores mineiros como Murilo Rubião e outros, homenagem muito merecida que considero de grande importância cultural.
          Lamentavelmente eu não vi o nome de Agripa Vasconcelos em nenhum viaduto. Existe apenas uma pequena rua, em um bairro de Belo Horizonte, com o seu nome. Quem sabe temos algum educandário com seu nome?

                                                                                                  Dr. Maurício Cardoso
                                                                                 Membro do Conselho Deliberativo


domingo, 1 de julho de 2012

Poeta X Patriota

          

           Em uma entrevista dada por Agripa à repórter Jane Soares, ela o pergunta o que havia trazido maiores satisfações na vida: a medicina ou a literatura ?
          _ “A Medicina, respondeu, por ser mais positiva. Meus primeiros sucessos cirúrgicos me encheram de entusiasmo. A experiência literária veio mais tarde, no ciclo dos romances.”
          Fundamentado em pacientes pesquisas as quais o autor dedicou muitos e muitos anos, cada volume das "SAGAS DO PAÍS DAS GERAIS" vale por um verdadeiro documento da época e do ciclo que focaliza.
          Agripa Vasconcelos tinha a preocupação de divulgar a história da sua terra e nele ardia a flama do poeta e do patriota. Seus romances abrangendo os diversos ciclos da caminhada áspera de Minas no passado é o que existe, até hoje, num só conjunto, de maior na combinação de Literatura e História. Poeta é, sobretudo, criação, imaginação. História é o concreto, e ele foi capaz de realizar o misto de obra histórica e literária, sem que o poeta dominasse o historiador lúcido, seguro, severo. Foi ao fundo em suas investigações, animado com o propósito de ser fiel à verdade história e essa árdua tarefa durou muitos anos.
          Agripa homenageou sua terra com sua poesia límpida e pura e com a vitalização que deu à história de Minas com seu gênio de homem de letras.