domingo, 9 de setembro de 2012

Às três filhas



                                         (na foto: Mara, Ophir e Belkiss, quando crianças)


      O livro Corpo Fechado - contos e lendas foi o último livro de Agripa Vasconcelos a ser lançado no mercado e foi publicado pelo SESC Minas Gerais, após a morte do autor.

      O livro reúne 33 contos, além de elucidário ao final, com explicação sobre as palavras usadas na época. Entre eles, o conto que dá nome à obra e outros tantos inspirados em lendas universais que ele ouviu em suas andanças por Minas e por diversas partes do país.      

    
     Por um deles, A Mãe-da-Lua, a filha Mara tinha predileção. Também pudera. O conto sobre lenda pinçada no Vale do Baixo Paraopeba abre com dedicatória para as três filhas:
 “Às queridíssimas Mara, Ophir e Belkiss, sorriso, claridade e paz de minha vida”.
   
    Há outros relatos curiosos, como Dançarina Maluca, Gavião-de-penacho e O Sultão Papudo.
    
    Vale a pena conferir.


domingo, 26 de agosto de 2012

Depoimento da filha de Agripa

      

      São Chico segue as mesmas características dos seis livros das Sagas do País das Gerais, mas desta vez Agripa Vasconcelos fala do nordeste brasileiro. Neste livro consta a apresentação assinada por uma de suas filhas, a advogada Mára de Vasconcelos Mancini, curadora de sua obra, para entendermos um pouco mais a capacidade de produção desse autor incansavelmente criativo, que diz:

      "É Inacreditável! São pastas e mais pastas cheias de papéis, pilhas de cadernos e folhas soltas, um amontoado de anotações que tento entender de onde vêm. Afinal, me pergunto sempre: A que horas Agripa dormia? Cada vez que abro uma dessas pastas que guardam seus escritos, cada vez que folheio esses papéis, sinto-me como um garimpeiro diante de uma mina de diamantes e tento tirar ali de dentro aqueles tesouros escondidos. A produção deixada por Agripa é imensa, talvez maior do que aquilo que dele já foi publicado ou que seja conhecido, e tento fazer dessas pedras brutas, que são seus manuscritos em letra miúda e quase ilegível, jóias de rara beleza que possam ser apreciadas por todos"...

terça-feira, 14 de agosto de 2012

São Chico

  

 (duas capas do romance)

Sobre o “Romance do Nordeste Brasileiro – São Chico”
(por José Aluízio Viana - Secretário de Cultura de Matozinhos/MG)

Em julho de 2007, fui presenteado por dona Mara Vasconcelos com o volume do “Romance do Nordeste Brasileiro – São Chico”, de autoria de seu pai, Dr. Agripa Vasconcelos, de quem sou leitor e admirador antigo, e que passo a registrar algumas impressões.
Agripa constrói lentamente a história de uma paixão proibida, que vai surgindo aos poucos e criando uma tensão entre as personagens, formulando uma trama que se revela brilhante ao final do romance, pois que prenunciando uma tragédia shakespereana, é solucionada de forma simples e objetiva, dentro de um contexto e lógica cultural totalmente “nordestinos”.
Como em toda sua obra, Agripa demonstra sua capacidade de recolher histórias localizadas no tempo e lugar e inserí-las de modo natural no desenrolar do romance, apresentando as curiosidades e culturas da região em vários tempos; a análise sutil da psicologia das personagens, cada uma em sua posição na escala social, revelam no autor mais uma vez o arguto observador da alma humana. Outro dado digno de nota é a precisão literária e a sensibilidade poética com que Agripa titula os capítulos do romance.
Neste romance, Agripa faz uma síntese histórica da evolução do nordeste brasileiro mostrando a lenta decadência dos engenhos, engolidos lentamente pela modernidade das usinas de açúcar, a paulatina introdução das ideias de luta de classes trazidas pelos sindicatos trabalhistas, o surgimento das Ligas Camponesas e a consequente agitação social e política da época e a situação de abandono social em que o nordeste é deixado pelas autoridades políticas. Como em outros romances, o autor utiliza o narrador para demonstrar, com uma visão crítica, sua amargura em relação aos homens, à política, aos caminhos do país; e revela sua admiração e esperança no grande país que é o Brasil.



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Expedição Espírito de Rei

                                                     (clicar na imagem para melhor visualizá-la)

         Esta semana recebemos um email da cidade de Lagoa da Prata/MG que nos causou surpresa. Era de um senhor que, com um grupo de amigos, faz expedições com veículos 4 X 4 por essas Minas Gerais. O grupo leva o nome de Espírito de Rei.

       Isto significa que  eles são aventureiros e que gostam de andar em estradas de terra, passando muitas vezes por apertos, mas levam tudo na esportiva e até gostam que os imprevistos aconteçam. O grupo é tão organizado que para cada expedição é elaborado um adesivo para colocar nas portas dos carros dos participantes para identificação (foto acima).

       Pois bem, este grupo fez um roteiro diferente desta vez e nomearam esta expedição de: Nos Contornos de D. Beja e o roteiro seguido foi o seguinte:

                           
                 lll Expediçao Espirito de Rei- Nos Contornos de Dona Beija

 
1o. dia- IDA: saida de Lagoa da Prata passando por Bambui, Medeiros, Pratinha até Araxá. 250km estrada de terra, aproximadamente 9 horas de  viagem, com pernoite no Hotel Dona Beija.

2o. dia- VOLTA: Araxá passando por Desemboque até Delfinópolis (divisa de Minas e São Paulo). Aproximadamente 100kms de terra e 8 horas de  viagem.

3o. dia- Delfinópolis à Sao Sebastião do Paraiso, na cachoeira de Casca Danta (onde nasce o Rio São Francisco, na Serra da Canastra). Aproximadamente 100kms de serras e estradas só de 4 X 4 e 10 horas de viagem.

4o. dia- passeios pela regiao da Serra da Canastra.

                       (roteiro da volta em verde no mapa)


            Agradecemos muito o contato e gostaríamos de saber:
         Alguém do blog se habilita ?



quarta-feira, 25 de julho de 2012

Árvore Genealógica

 
         Esta semana nós da Equipe do blog Agripa Vasconcelos recebemos um e-mail que muito nos alegrou. Era de José Aluízio Viana, Secretário de Cultura de Matozinhos/MG, cidade natal de Agripa. Ele nos sugere a publicação da árvore genealógica do Visconde do Rio das Velhas e um pouco de sua biografia, para que nossos amigos e seguidores tomem conhecimento sobre os antepassados de Agripa. Foi José Aluízio também que nos enviou o material a seguir. Agradecemos muito! Esperamos que vocês gostem.


Visconde do Rio das Velhas

(Clique em cima da imagem para melhor visualizá-la)
         
          Dada a importância da figura do Visconde do Rio das Velhas em Minas Gerais, é interessante a publicação no blog de uma síntese de sua biografia e um trecho da árvore genealógica que contempla o patriarca até a família de Agripa Vasconcelos (com filhos), para demonstrar a importante ascendência do escritor. O Visconde foi personagem de proa no cenário político e da produção rural e industrial da região de Sabará/MG.
Fran­cisco de Paula Fonseca Vianna, Barão e Visconde do Rio das Velhas, nasceu a 2 de abril de 1815, em Santa Luzia de Sabará, capitania de Minas Gerais.
Dedicando-se à agricultura, foi proprietário das Fazendas do Mu­cambo e Bom Jardim, situadas em Matozinhos, então distrito de Santa Luzia do Rio das Velhas. 
Em 1867, tendo auxiliado a organização de batalhões de voluntários destinados à guerra com o Paraguai, recebeu Francisco de Paula Fonseca Vianna o título de Barão do Rio das Velhas, por decreto imperial de 25 de abril desse ano.
Espírito progressista, foi o Barão do Rio das Velhas um dos funda­dores da Companhia Industrial Sabarense, uma das mais antigas fábricas de tecidos de Minas Gerais e do Brasil.
Como político, militou no Partido Liberal, várias vezes sendo eleito vereador às câmaras municipais de Sabará e Santa Luzia, desta última tendo sido presidente.
Por ocasião de uma das visitas do Imperador D. Pedro II a Minas Gerais, teve o Barão do Rio das Velhas a honra de o hospedar e acom­panhar, em 1881. Foi distinguido, então, com a comenda da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, por decreto de 15 de junho e Carta de 25 do mesmo mês e ano.
Por decreto imperial de 7 de março de 1885, foi elevado a Visconde do Rio das Velhas. Ativamente se dedicando à prosperidade da região em que era in­fluente chefe político e grande fazendeiro, é o Visconde do Rio das Velhas considerado um dos fundadores da atual cidade de Pedro Leopoldo. Faleceu a 17 de fevereiro de 1895, aos 80 anos de idade, incompletos.

fonte: Dados biográficos e des­cendência do Visconde do Rio das Velhas por Helio Vianna
no Anuário Genealógico Brasileiro, do Instituto Genealógico Brasileiro, Ano V, 1943.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Carta ao editor

Carta de Agripa Vasconcelos escrita ao seu editor das Sagas no País das Gerais:

Recife, 04 de abril de 1966

          Eu, Agripa, seu escravo, lhe envio muito saudar. Recebi o Gongo-Soco com a vestimenta de gala de Joaquina e Beja. Muito bonito. Você é o editor mais caprichoso do Brasil e fico honrado pela beleza da edição. Creio que a vendagem vai ser grande, dependendo de propaganda. Acabo de terminar Chico Rei que ficou com trezentas páginas e foi o mais trabalhoso de todos. Não fiz coisa bizantina mas tudo chão como o assunto exigia. O livro tem muitas palavras africanas das línguas Bunda e Conguêsa, inclusive cantos africanos que eu mesmo traduzi, em verso livre, para o Português, para maior compreensão. Fiz tudo para me adaptar ao assunto sem floreio e às vezes a coisa saiu bastante crua. Chico foi um iluminado místico e creio que descobri nele o primeiro e o maior libertador de escravos, de Minas, do Brasil e da América. Sendo um homem que vivia para os outros não teve tempo para luxos, exceto nas vestimentas reais dos dias de gala. Descobri entre os seus companheiros vindos de lá um afamado médico do Congo que o tratou, associado a um médico português, na doença final. Nos nossos Estudos descobri que ele tem descendentes em Ouro Preto/MG que falam muita bobagem mas não dão notícia exata de seu chefe Rei. Depois de terminado o livro vi que ele tem algum valor por ser exato e bem deduzido. O Neil vai gostar, embora seja um pouco ávaro em referência a meus livros. Estou datilografando a coisa e qualquer dia chega aí o negro velho. Chega com as “Memórias de um Barbeiro Sangrador”, o bruto como você chama.
          Tenho trabalhado muito e às vezes sai da minha cabeça alguma fagulha que pode ser captada por outra cabeça mesmo que seja um pouco dura.
          Já mandei entregar a imagem que Henriqueta manda para o Edison. Ainda estou atrapalhado com o joelho, não podendo sair de casa mas para o fim deste e começo de maio estarei aí para ver suas vitrinas.
          Com um abraço do velho amigo agradecido,
                                                                     Agripa

sexta-feira, 6 de julho de 2012

O Grande Escritor Desconhecido


          Esta semana, inesperadamente, chegou em nossas mãos uma revista do Jaraguá Country Clube de Belo Horizonte, contendo um artigo sobre Agripa Vasconcelos, escrito pelo Dr. Maurício Cardoso, membro do Conselho Deliberativo de lá. Ficamos muito felizes com a lembrança e transcrevemos aqui para que todos possam ter acesso.
         
Transcrição do artigo publicado na página 19, do Informativo no. 69, de maio de 2012, do Jaraguá Country Clube:

           AGRIPA VASCONCELOS – O GRANDE ESCRITOR DESCONHECIDO

          Agripa Vasconcelos nasceu em 12 de abril de 1900, em Matozinhos, então Distrito de Santa Luzia (MG), tendo falecido em 21 de janeiro de 1969.
          Aluno brilhante do Colégio Azeredo, passou para o Instituto Fundamental de Belo Horizonte, onde foi aluno de Carlos Góes e Aurélio Pires, que o consideraram o melhor aluno que tiveram. No Gramberry, de Juiz de Fora, teve como mestres Brant Horta, Nestor Massena e Mário Magalhães, os quais estimularam sua vocação literária.
          Aprovado com distinção em todos os exames preparatórios para a faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, após o último exame, o catedrático Afonso Peixoto quis conhecê-lo, tornando-se grandes amigos até o falecimento do professor.
          Na epidemia de gripe de 1918, como interno da Assistência Pública de Rio de Janeiro, levado por Leal de Souza, prestou serviços a Coelho Neto, que o considerou, como escreveu, um dos seus maiores amigos. Teve a honra de ser interno do grande médico e mestre Miguel Couto, que o considerou um de seus alunos mais inteligentes e dedicados e o tratava como filho. Ele foi cognominado de representante de Minas Gerais, não só pela sua inteligência como pelo grande círculo de amizade que conseguiu formar. Prof. Dr. Miguel Couto até chorou quando ele foi para o Instituto Manguinhos, a convite do Diretor Prof. Dr. Carlos Chagas, convite irrecusável. Foi aprovado com distinção em sua defesa de tese sobre o tema “Estudos dos Aneurismas Artério-venosos”.
          Com seu livro SUOR E SANGUE obteve, por unanimidade, o prêmio Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras. Sua bagagem literária é invejável. Aos 22 anos entrava para a Academia Mineira de Letras, com o livro de versos SILÊNCIO (cuja edição foi esgotada no Rio de Janeiro em 30 dias), na vaga deixada por Alphonsus de Guimarães. Para Agripa, os melhores poetas, contistas, ensaístas e romancistas da América do Sul eram de Minas Gerais. A nosso ver, o maior romancista e pesquisador de Minas Gerais e um dos mais importantes da literatura brasileira foi, sem sombra de dúvida, Agripa Vasconcelos. Além de médico e escritor, foi também Deputado Estadual, onde prestou relevantes serviços ao Estado, usando sua invulgar inteligência.
          Por que nós usamos o título UM DESCONHECIDO? Sempre que nós perguntamos a alguém se sabe o autor de Dona Beija ou Chica da Silva, em todas as livrarias que entrei, não só em Belo Horizonte, como nas Capitais de outros Estados e em grandes cidades que estive, ninguém soube me responder. Ainda não encontrei uma pessoa que soubesse que ele foi o maior contista de Minas Gerias. Um grande pesquisador. Mas quando nós interpelávamos: você já ouviu falar em Dona Beja, Chica da Silva, Gongo Soco (Ciclo do Ouro), Chico Rei (Ciclo da Escravidão em Minas Gerais), Fome em Canãa, Sinhá Braba (Dona Joaquina do Pompéu), a maioria das pessoas respondia que já viu novelas e filmes, mas o autor elas desconheciam. Incluímos aí muitos indivíduos até com curso superior, o que é lamentável.
          Fiquei muito satisfeito e até eufórico ao ver os viadutos da Av. Cristiano Machado com nomes de escritores mineiros como Murilo Rubião e outros, homenagem muito merecida que considero de grande importância cultural.
          Lamentavelmente eu não vi o nome de Agripa Vasconcelos em nenhum viaduto. Existe apenas uma pequena rua, em um bairro de Belo Horizonte, com o seu nome. Quem sabe temos algum educandário com seu nome?

                                                                                                  Dr. Maurício Cardoso
                                                                                 Membro do Conselho Deliberativo